Fernando Portugal trabalhou na construção civil em troca de vaga em time profissional. Desejo no Brasil é ver um Palmeiras x Timão na modalidade
A paixão pelo rúgbi começou aos 15 anos, quando foi convidado por um amigo a integrar as equipes das categorias de base de um clube em São José dos Campos, no interior de São Paulo. E o fez conseguir coisas inimagináveis para um jovem que tinha pretensões de ir para a universidade e ainda viver do esporte. A história de Fernando Portugal, capitão da seleção brasileira da modalidade, mistura uma profissão inesperada com um sonho.O que é motivo de arrepios para o seu pai até hoje é o fato de o atleta ter trabalhado como pedreiro na Itália. Na esperança de se tornar um jogador profissional, condição ainda inexistente no Brasil, ele bateu na porta de vários clubes na Itália. Lá, conseguiu uma vaguinha no Rugby Club Segni, na pequena Segni, perto de Roma.
- Eles me aceitaram no clube e perguntaram o que eu queria. Como não tinha noção de salários por lá, pedi uma casa e um trabalho. E eles me colocaram para trabalhar de pedreiro, um baita trampo braçal e cansativo (risos). Trabalhava das 7h até as 16h30m e treinava às 18h. Carregava saco de cimento e outras coisas. No fim do dia eu estava acabado! Mas isso acabou fazendo com que eu me dedicasse muito aos treinos, o que foi bom para mim, pois consegui ir bem no time - contou Portugal ao GLOBOESPORTE.COM, durante um evento da modalidade.
Portugal ficou na Itália entre 2005 e 2007. Depois de ir bem na sua primeira temporada, ele se sentiu à vontade para pedir algumas "regalias" que não tinha.
- No segundo ano eu pedi um carro, uma casa melhor e eles ainda me pagavam mil euros. Ainda dava aulas para crianças, ensinando rúgbi. Na temporada seguinte, eu pedi mais alto, e eles não aceitaram. Aí vim passar um tempo no Brasil e acabei ficando.
Em São Paulo, ele atua no Bandeirantes, trabalha como professor, mantém um site e recebe a Bolsa Atleta, benefício concedido pelo governo aos atletas de alto rendimento que não têm patrocinadores. Ele ainda ganha roupas de uma empresa de material esportivo, o que lhe dá condições de viver do esporte. Na seleção brasileira, ocupa posto de destaque, com a braçadeira de capitão.
Trabalhando com crianças, ele acredita que a modalidade pode se popularizar no país. Sonha ver o esporte profissionalizado, com rivalidades como as de Corinthians e Palmeiras.
- É um esporte de massa. Se crescer, vai disputar espaço com o futebol, sem dúvidas. O que precisa é investimento e pessoas dispostas a patrocinar. Fico imaginando um Palmeiras e Corinthians no rugbi. Seria um fervor!
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